Saio para rua gelada e convidativa. Saio sozinho, sempre. É como um ritual.
Ouço todos os ruídos que a noite me oferece. As luzes que me cegam me fazem enxergar com clareza.
Nas casas as famílias festejam, quentes, alheias a realidade. Nunca planejo meu roteiro. Minha única certeza é a cólera que me domina e cresce a cada passo. A fumaça que consome meu pulmão me deixa feliz... não, feliz não. Deixa-me satisfeito por diminuir meus dias a cada tragada. Por mim metia logo uma bala na merda da minha cabeça e acabava com tudo. Todos ficariam mais satisfeitos.
Mas a verdade é que não tenho coragem para tal feito. Admito. Sou um frouxo.
Portanto, continuo na rua, gelada e convidativa. Saio sozinho. Um cão sarnento que afugenta qualquer tentativa de aproximação. Um cão sarnento à procura de um revólver.
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