domingo, 20 de junho de 2010

Uma historia qualquer,de um amor qualquer...

‘’Vagamente me lembro, acho que era fim de setembro, ou começo de novembro, não sei ao certo, não sou muito esperto, nem sei o porque disso eu estar escrevendo, mas é isso que esta acontecendo.Eu estava vendo o movimento, é eu me lembro, era perto do centro, você passou em câmera lenta pela minha frente, pensei mil formas de te chamar a atenção, mas não pensei nada convincente, passou ao meu lado, estava com uma cara contente, e eu babando com sorriso nos dentes, nem fui persistente, apenas olhei para trás para ver aonde você vai, e na próxima vez vou querer algo a mais.Não sei como faz, mas vou aprender, inventarei uma maneira de você me ver, pois melhor do que imaginar, eu terei que fazer...
Um barulho que nunca vou esquecer, com o disparo eu paro, volto da imaginação para a verdade, e me vejo na cidade, e vejo uma multidão se aglomerando, não estou mais pensando então sigo andando na direção do acontecimento, desculpas eu invento, altruísmo, humildade, solidariedade...Mas não passava de curiosidade, poderia rir ou indiferente ficar, nunca imaginei que poderia me chocar, você caída, nosso segundo encontro você estava agozinando no chão, temi que nosso terceiro e ultimo encontro fosse com você no caixão.Quando a ambulância te leva, eu correndo a sigo, como nunca corri, não podia desistir, quando entra no hospital eu junto vou, não falam nada, pois pensam que um amigo eu sou, mas onde você esta não me deixam entrar, agora o que eu posso é simplesmente esperar.
A duvida é melhor que a derrota, vamos deixar que a sorte decida, desejo apenas que antes de eu ou você partir aconteça uma apresentação e uma despedida.
Horas passam e chega um medico, muito ético, me dizendo para rezar por um milagre que ainda existia uma chance, eu, cético que sou, percebo que acabou.Imortalidade eu nunca esperei, mas mesmo assim foi muito menos do que eu, pessimista que sou, esperei. Não poderia fazer um enterro ou chamar os parentes, então acho melhor eu ir, e nem sair pela porta da frente, vou pela dos fundos, como me sinto em meu mundo, na ultima saída, nem voltar a te ver eu consegui, mas só quando tudo acabou, que de você eu desisti.

Meu consolo é que eu morro e te encontro, em uma outra vida ou em qualquer mundo, ou só me confundo, mas bem lá no fundo, o que existe e persiste é a imaginação, a realidade é superstição.’’


Agora sim, encontrei sua casa, depois de um longo tempo de espera, não vou te forçar a fazer nada, apenas apóie no seu peito essa carta, e nem olhe quando eu partir, mas quando me perder de vista, não esqueça de mim, do mesmo jeito que de ti eu nunca esquecerei, mas não poderei voltar a te ver de novo, se o coveiro me ver com certeza eu morro...

Mesmo tão perto, e distante, nada disso importa, abraço sua pele morta, e só a solto quando um tiro atravessa meu peito, maldito coveiro, caio em seu eterno leito.Me viro e vejo lá em cima o coveiro gritar ‘’Se gosta de morto com morto vai ficar’’e te joga em cima de mim,isso até que não foi ruim,pelo menos pra mim,mas a cada pazada de terra que caia em mim,te abraçava forte vendo que chegava mas perto o fim.Nada mal, toda historia tem seu final...

''...Meu consolo é que eu morro e te encontro, em uma outra vida ou em qualquer mundo, ou só me confundo, mas bem lá no fundo, o que existe e persiste é a imaginação, a realidade é superstição''

Todo dia ...

Eu acredito em você
Para um dia perceber,
O que estamos a fazer
Rotina tediosa,
Entre versos e prosa.

Dia a dia, passo a passo
Repetido, mas sempre mudado
Sempre um copo diferente
Sempre o mesmo conteúdo

Peço apenas a você
Um pouco de reflexão
Pouco discurso, muita imaginação
Mais doses de percepção.

Casos com o acaso que
Causam certas confusões
Cotidiano consumido com ciências exatas
Mera e infeliz coincidência

Reincide á cabeça do mais fraco
Estraga a cabeça do mais justo
Me faz questionar incansavelmente
A necessidade da existência

Se for para confundir
Que seja através da verdade
Parem de se hipnotizar!
Eu também quero errar.

sábado, 12 de junho de 2010

Rotina Noturna II

Saio para rua gelada e convidativa. Saio sozinho, sempre. É como um ritual.

Ouço todos os ruídos que a noite me oferece. As luzes que me cegam me fazem enxergar com clareza.

Nas casas as famílias festejam, quentes, alheias a realidade. Nunca planejo meu roteiro. Minha única certeza é a cólera que me domina e cresce a cada passo. A fumaça que consome meu pulmão me deixa feliz... não, feliz não. Deixa-me satisfeito por diminuir meus dias a cada tragada. Por mim metia logo uma bala na merda da minha cabeça e acabava com tudo. Todos ficariam mais satisfeitos.

Mas a verdade é que não tenho coragem para tal feito. Admito. Sou um frouxo.

Portanto, continuo na rua, gelada e convidativa. Saio sozinho. Um cão sarnento que afugenta qualquer tentativa de aproximação. Um cão sarnento à procura de um revólver.

É a morte

É na morte que algumas coisas nascem. Sentimentos adormecidos e escondidos por vergonha ou precaução. Sentimentos enraizados que só despertam com a grande perda. Por que esperar? Amar, odiar, falar o que se tem “vontade” enquanto os sentidos são capazes de assimilar alguma coisa.
Frases não ditas se tornam frases malditas quando escondidas pelo véu da precaução. Não chore mais. Ele não vai te ouvir. Seu soluço só será absorvido por você mesmo. Sua chance passou assim como a vida de seu ente querido. Achou que não aconteceria com você, não é? Pois é. Muitos não querem acreditar, mas a morte é a coisa mais viva em nossas vidas, eu acho.
Algumas pessoas anseiam por ela. Suplicam por respostas que lhes revelem o caminho. Poetas da morte, sem medo. Que acordam na noite, como Azevedo. Não clamo a morte, eu não! Porém não a temo. Não anseio, mas sem receio. Só não espere por mim. Não ouvireis quando houver partido: nem grito, soluço ou latido.