terça-feira, 27 de abril de 2010

Sociocinética forçada

Recusam-se a aceitar minha diferença forçando-me a ser hipócrita
Cercam-me em uma liberdade que na verdade é presa
Faz isso e aquilo pra não morrer e só fica na mesma
Com o intuito de se adaptar vive cego no mundo
E as consequências disso é não ser oriundo
E sim, sentir a agonia, o desespero e a pressa sem fim.
E ainda por cima não se conhecer de verdade
Realidade que faz com que a minoria não sorria
Oferecem-te tudo, sonho ilusório. . .Palavra certa, utopia!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

OUTRA REALIDADE

É cumbuca, é poleiro, é barro opaco.
Não tem lâmpada, é candeia que lumeia
Só pão e água na ceia com areia vareia
No dia a dia no sufoco de mais um caboclo
E da cabocla que fica na labuta o dia inteiro
É o esforço do dia-a-dia que não é corriqueiro
Que passa a vida no zero
Mesmo com muito esmero
Esforço no trabalho, mas sem patrão.
Vive sossegado com o ar puro do sertão
Mais com o lucro que nem no tempo da escravidão
O que resta para o caboclo é apenas seus colhoes
Mas com sua família unida vive com muitas emoções
É cabra da peste que pra se defender tem um facão na mão
Com a faca ou os dente vive resistente
Sempre persistente e só quem vive nisso entende
Sem ambição trabalha pra sobreviver sem caos
Todos os dias ele se esforça para que não desista
Um dia bate em sua porta uma vida paulista
Com uma proposta de ganhar muito dinheiro
Em relação a quase nada que se tem em Juazeiro
Seria uma boa pra o caboclo com suas crianças
Em seus futuros poderia haver uma esperança
Pensou com sua cabocla e chagaram a conclusão que não iriam
Pois sua vida ele não larga ama sua terra.
Longe de sua terra eles não se viam
As dificuldades o sufocam, mas, nada ofuscava sua alegria.
Porque estão juntos e lutando contra o dia a dia

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Escrevo Azedo

Escrevo. Não pra você. Não pra mim. Faço isso para as baratas imundas e ratos escondidos nos esgotos sob nossos pés. Escrevo sobre qualquer coisa, a vida, a morte, a ferida, a sorte. Não espero que gostes, não! Não me sentirei contente com isso. Apenas cuspo as palavras engasgadas e faço isso sem saber se é bom ou ruim. Tudo que fica para trás e para cima está exatamente onde deveria estar. Não revejo nada, pouco importa a gramática ou a ortografia. Não escrevo pros engravatados ou letrados da Academia Brasileira. Escrevo pros filhos bastardos de uma terra falida, cuspida e chutada, que espera ansiosamente pelo seu próprio fim. Pra bactéria que come a carne já podre do animal morto. Eu sou esse animal.
Sentado em um quarto três por quatro, riscando um papel rasgado. A gordura dos cabelos se mistura com a dos dedos que agarram a caneta com força. Olho para o relógio, quebrado. Acendo a luz, queimada. Me apoio na janela que proporciona um pouco de luz, fraca, porém, luz. Risco os trechos legais, deixo os roubados, de um autor qualquer, da sarjeta, ou não. Todos fazem isso, só não tem coragem de admitir. Eu faço isso. Procuro alguma coisa pra beber, nada. O corredor que leva até o banheiro parece o corredor da morte, melhor se fosse. Não, só me leva até o quartinho com uma privada no canto e uma pia no meio. Abro a torneira e bebo um pouco de água. Está gostosa até. Volto ao quarto escuro. Me apoio na janela e nas idéias pra terminar um texto. Nada. Só cheguei até aqui.
Não espero editoras, não me importo com o mercado. Não espero que entenda. Não espero ser amado. Ouviu? Revolução por copos virados! ! !

Adoro

Eu odeio todo mundo!
Odeio quem diz que odeia os outros, odeio quem diz que não odeia. Odeio quem cancela seus compromissos por causa da chuva, odeio quem não gosta de suco de uva. Na verdade, uso a desculpa, pra dizer que odeio tudo. Odeio pseudo-intelectualidade, odeio quando acho que tenho certeza de algo. Odeio odiar tudo, odeio.
Saio xingando todo mundo em pensamento, dou um sorriso falso desvio o olhar e desejo o pior. Odeio escrever pra todo mundo, odeio escrever pra mim mesmo, odeio escrever. Odiaria não saber escrever. Odeio as cores, a luz, o escuro. Odeio tudo, odeio o mundo.
Odeio odiar tudo. Realmente odeio odiar o mundo.
O ódio que satisfaz a mente psicopata, também satisfaz a mais pura das beatas.
Escrevo e mato tudo. Com caneta, em papel sujo.