sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

nos momentos de insonia

Ponderando ou rimando
Tentando e cansando
Não sou como o wando
E vai desgastando
Tendo Ó no final
E chegando o natal
Açúcar ou sal?
Ou dois fazem mal?

Importante é o momento
Presenciando e vivendo
Ou dormindo e morrendo
Diferente e igual
É apenas um lado da visão
Ou refrão de uma canção
Hit de verão
Ou será que não?

Flutuando com os pés no chão
Voando sem ter asas
Futuro da nasa?
Sol em plena noite
O açoite
O dia, a noite
O sonho,a realidade
O que é o certo, e o que não é verdade?

Anoiteceu
Nada aconteceu
E tudo que me restou foi eu
Sem plural,bem ou mal
Outro dia
E outra historia sem final .

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

mas um dia por aqui...

Levanto e vejo o sol, com meu corpo conservado em formol, aplico minha injeção de adrenalina e levanto para começar mais um dia,vou ao banheiro e faço o de costume,olho no espelho e vejo que meu corpo já não é mais tão imune,não agüenta o que já agüentou eu tento me manter,o problema foi o tempo que passou e nem sequer me chamou ou esperou,como a dez anos atrás eu com uma garrafa e nada mas,em um quarto barato e escuro.Gritar ou chorar já não é uma opção, esperar um deus ou qualquer crença popular, eu já tentei acreditar, para ver o que poderia mudar, simplesmente faz você se acomodar e desistir de lutar ,eu penso diferente,sem crenças ou deuses,me crucifixo todo dia com minha garrafa e com meus próprios dentes,sou persistente para chegar o fim e cuspir em tudo que passou,eu ainda sou forte,apesar de tudo eu ainda sou forte,e o suicídio não é uma opção,não tenho essa pretensão,nem esse desprezo pelo que vivo,só que as vezes,o meu vazio que me completa precisa de um complemento,e isso eu nunca consegui achar ou acreditar que existe.Doença nunca me derrubaram, amores nunca me mataram, empregos nunca me consumiram, sonhos nunca me iludiram, contos eu nunca conseguia terminar,romances então? nem pensar,como eu me sentia inútil certos dias,todos tem suas próprias historia, eu tenho apenas minha própria imaginação para fazê-las,imaginar as vezes pode ser mais difícil do que vivenciar, isso eu tento acreditar,abro o cadernos de versos roubados de escritores marcados e penso em roubar outro verso para fazer algum conto ou poema,“Quando já esta quase sem alma e se tem consciência disso.é porque ainda se existe”ainda existe esperanças?nao ainda havia tempo,tempo de respirar,beber,vomitar,desmaiar,e esperar esperar sentado a morte me buscar,cansei de ir atrás,agora é minha vez de me fazer de difícil!

pode me esperar

Um sorriso estampado no rosto de quem quer chorar
A face oculta de um derrotado
Derrotado por não fazer nada com a desgraça eminente em sua frente
Sonhos,esperanças,perspectivas
Tudo provisório como o tempo
que passa e deixa seu estrago
eu não sonho
eu não quero voar
desejo apenas uma coisa
não desejar nada mais
e como você descansar em paz

3 meses para ser ''terminada''?

Nada é real, não acredito nesse terror
Um mundo cercado de vingança e dor
É o canto desesperador de um cantor
Que percebeu ao sair da frente do televisor
O que existe um mundo melhor ao seu redor
Não chega a ser amor
Mais é melhor do que seu opressor
Nitidamente não se entende
Vive e sente
O fel, predestinado até o inferno, ou quem sabe o céu.
Testemunho do declínio, eminente da vida, derrota que ensina.
O pesar de um dia, que não se queria.
Torce para acabar, mas ao raiar do dia.
Esta tudo acabado
Dia desperdiçado
Seu mundo sonhado
despedaçado
Acorde do pesadelo
Ou volte a dormir para sonhar
Perder ou ganhar, rir e chorar
Ou certo e o errado
Um dia você vai achar
E sem reclamar vai aceitar
Levantar a mão para o céu e xingar seu deus
Porque o que desejou não é como aconteceu
Hoje você morreu,
A morte foi um passo
A vida é o seguinte
Seu novo requinte

Tão verdadeiro como um tiro no pé

Você me ama
Eu te amo
E vice e versa
Chega de conversa
Essa enrolaçao não importa
Amo quando você vem completa pra mim
Não penso duas vezes ao te tomar em meus braços
E em um movimento rápido e delicado
Tudo esta acabado
O seu gosto em minha boca
Me deixa com vontade de uma mais
Maldito vicio
Que você me condenou
A felicidade e o fundo do poço
Andando de mãos dadas
E eu em uma corda bamba
Pronto para cair em um dos dois

domingo, 20 de junho de 2010

Uma historia qualquer,de um amor qualquer...

‘’Vagamente me lembro, acho que era fim de setembro, ou começo de novembro, não sei ao certo, não sou muito esperto, nem sei o porque disso eu estar escrevendo, mas é isso que esta acontecendo.Eu estava vendo o movimento, é eu me lembro, era perto do centro, você passou em câmera lenta pela minha frente, pensei mil formas de te chamar a atenção, mas não pensei nada convincente, passou ao meu lado, estava com uma cara contente, e eu babando com sorriso nos dentes, nem fui persistente, apenas olhei para trás para ver aonde você vai, e na próxima vez vou querer algo a mais.Não sei como faz, mas vou aprender, inventarei uma maneira de você me ver, pois melhor do que imaginar, eu terei que fazer...
Um barulho que nunca vou esquecer, com o disparo eu paro, volto da imaginação para a verdade, e me vejo na cidade, e vejo uma multidão se aglomerando, não estou mais pensando então sigo andando na direção do acontecimento, desculpas eu invento, altruísmo, humildade, solidariedade...Mas não passava de curiosidade, poderia rir ou indiferente ficar, nunca imaginei que poderia me chocar, você caída, nosso segundo encontro você estava agozinando no chão, temi que nosso terceiro e ultimo encontro fosse com você no caixão.Quando a ambulância te leva, eu correndo a sigo, como nunca corri, não podia desistir, quando entra no hospital eu junto vou, não falam nada, pois pensam que um amigo eu sou, mas onde você esta não me deixam entrar, agora o que eu posso é simplesmente esperar.
A duvida é melhor que a derrota, vamos deixar que a sorte decida, desejo apenas que antes de eu ou você partir aconteça uma apresentação e uma despedida.
Horas passam e chega um medico, muito ético, me dizendo para rezar por um milagre que ainda existia uma chance, eu, cético que sou, percebo que acabou.Imortalidade eu nunca esperei, mas mesmo assim foi muito menos do que eu, pessimista que sou, esperei. Não poderia fazer um enterro ou chamar os parentes, então acho melhor eu ir, e nem sair pela porta da frente, vou pela dos fundos, como me sinto em meu mundo, na ultima saída, nem voltar a te ver eu consegui, mas só quando tudo acabou, que de você eu desisti.

Meu consolo é que eu morro e te encontro, em uma outra vida ou em qualquer mundo, ou só me confundo, mas bem lá no fundo, o que existe e persiste é a imaginação, a realidade é superstição.’’


Agora sim, encontrei sua casa, depois de um longo tempo de espera, não vou te forçar a fazer nada, apenas apóie no seu peito essa carta, e nem olhe quando eu partir, mas quando me perder de vista, não esqueça de mim, do mesmo jeito que de ti eu nunca esquecerei, mas não poderei voltar a te ver de novo, se o coveiro me ver com certeza eu morro...

Mesmo tão perto, e distante, nada disso importa, abraço sua pele morta, e só a solto quando um tiro atravessa meu peito, maldito coveiro, caio em seu eterno leito.Me viro e vejo lá em cima o coveiro gritar ‘’Se gosta de morto com morto vai ficar’’e te joga em cima de mim,isso até que não foi ruim,pelo menos pra mim,mas a cada pazada de terra que caia em mim,te abraçava forte vendo que chegava mas perto o fim.Nada mal, toda historia tem seu final...

''...Meu consolo é que eu morro e te encontro, em uma outra vida ou em qualquer mundo, ou só me confundo, mas bem lá no fundo, o que existe e persiste é a imaginação, a realidade é superstição''

Todo dia ...

Eu acredito em você
Para um dia perceber,
O que estamos a fazer
Rotina tediosa,
Entre versos e prosa.

Dia a dia, passo a passo
Repetido, mas sempre mudado
Sempre um copo diferente
Sempre o mesmo conteúdo

Peço apenas a você
Um pouco de reflexão
Pouco discurso, muita imaginação
Mais doses de percepção.

Casos com o acaso que
Causam certas confusões
Cotidiano consumido com ciências exatas
Mera e infeliz coincidência

Reincide á cabeça do mais fraco
Estraga a cabeça do mais justo
Me faz questionar incansavelmente
A necessidade da existência

Se for para confundir
Que seja através da verdade
Parem de se hipnotizar!
Eu também quero errar.

sábado, 12 de junho de 2010

Rotina Noturna II

Saio para rua gelada e convidativa. Saio sozinho, sempre. É como um ritual.

Ouço todos os ruídos que a noite me oferece. As luzes que me cegam me fazem enxergar com clareza.

Nas casas as famílias festejam, quentes, alheias a realidade. Nunca planejo meu roteiro. Minha única certeza é a cólera que me domina e cresce a cada passo. A fumaça que consome meu pulmão me deixa feliz... não, feliz não. Deixa-me satisfeito por diminuir meus dias a cada tragada. Por mim metia logo uma bala na merda da minha cabeça e acabava com tudo. Todos ficariam mais satisfeitos.

Mas a verdade é que não tenho coragem para tal feito. Admito. Sou um frouxo.

Portanto, continuo na rua, gelada e convidativa. Saio sozinho. Um cão sarnento que afugenta qualquer tentativa de aproximação. Um cão sarnento à procura de um revólver.

É a morte

É na morte que algumas coisas nascem. Sentimentos adormecidos e escondidos por vergonha ou precaução. Sentimentos enraizados que só despertam com a grande perda. Por que esperar? Amar, odiar, falar o que se tem “vontade” enquanto os sentidos são capazes de assimilar alguma coisa.
Frases não ditas se tornam frases malditas quando escondidas pelo véu da precaução. Não chore mais. Ele não vai te ouvir. Seu soluço só será absorvido por você mesmo. Sua chance passou assim como a vida de seu ente querido. Achou que não aconteceria com você, não é? Pois é. Muitos não querem acreditar, mas a morte é a coisa mais viva em nossas vidas, eu acho.
Algumas pessoas anseiam por ela. Suplicam por respostas que lhes revelem o caminho. Poetas da morte, sem medo. Que acordam na noite, como Azevedo. Não clamo a morte, eu não! Porém não a temo. Não anseio, mas sem receio. Só não espere por mim. Não ouvireis quando houver partido: nem grito, soluço ou latido.

domingo, 30 de maio de 2010

Copos Virados,parte 2

De começo já faço um drama para o final, sem menor compreençao como uma pífia canção de mais um bêbado com o violão, quando sua melhor desculpa foi não saber o que estava por vir, seguiu a vida sem chorar e nem sorrir, um copo, um tabaco, e de resto uma vida com um rato, correr pelas frestas da vida lhe parecia sua única saída, tanto faz se é poeta, boêmio ou pirado, todos já sabem o seu futuro marcado.’’Esta escrito na sua testa que você não presta’’mas ninguém o contesta, todos pensam que o louco acha que sua vida é uma festa.Bêbado, calado e jogado no chão, indiferente com sua atual posição, com um velho caderno e uma caneta na mão.Falava sobre tudo ou falava sobre nada não sabia ao certo diferenciar essas duas coisas, seu tudo foi nada para todos, e esse seu nada era tudo que lhe restava.Mesmo com seu corpo e a vista cansada, não podia se entregar sem nada para ser lembrado na posteridade, mas não ouve tempo para isso...
Um dia o seu tempo passou, seu passado marcou sim, mas o presente o levou, e o futuro nem chegou.
As pessoas podem morrer, as pessoas devem morrer, mas a poesia e a bebida ficam e não te deixa morrer por completo.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Confissões de uma mente atrofiada

Pra começar nem queria estar aqui. Mas porque estou? Boa pergunta. Me culpo todos os dias por acordar, sorrir, amar... viver mentiras. Me culpo e continuo fazendo. Acho que a vida é assim mesmo. E eu odeio essa merda. Todos os dedos apontados pra mim, dizendo o que fazer. Sou cobrado, todos são. Tenho que dizer a muitos o que fazer. Quer saber? eu não sei o que fazer, e também não dou a mínima pra essa merda! Todos são orientados a vida inteira... Que se foda! Se você espera de mim um conselho, aí vai: Saia e faça o que quer. Pelo menos uma vez. Eu duvido que você já fez o que desejou alguma vez. Eu não fiz. Mas pelo menos sei que estou errado. Já é um começo certo? Não, acho que não. Então quando te disserem o que fazer, que profissão escolher, mande-os para o inferno. Que se fodam as profissões. No fim das contas vai trabalhar pra enriquecer alguém que nunca verá a cara. Vai se acostumando. Eu também gostaria de enriquecer as custas de alguém. Ver o capital crescer e simplesmente sair mais cedo do trabalho porque eu quero, mas sou muito medíocre pra isso. Sempre fui. Dizem que quem nao sabe fazer, ensina. Eu não sei fazer, também não sei ensinar. O que farei então? Já sei: escrevo qualquer coisa em um blog qualquer. Depois de beber alguma coisa, desligo a merda do computador e durmo, afinal de contas, amanhã tenho que acordar pra viver essa mentira que chamam de vida.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Copos virados,parte 1

E quando o copo foi virado se tornou mais um renegado, em um mundo em que o único certo é o manipulado, o boêmio sempre é descriminado.
Pelo ócio em sua vida mansa sem preocupações, nos olhos dos mal informados que desconhecem que muitos deles mesmo inebriados são muito lúcidos e usam isso como a fuga de seu mundo, que se perde em sua própria ambição, e para não ver o declínio de um lugar tão amado, entorna copos repetitivamente ao longo do dia como forma de libertação.
Mal acabou de virar o copo e viu que tinha sede, não a banal sede física que afeta a todos, mas sim a sede de mudar algo. Pensou que talvez fosse sede de vingança ou talvez que fosse a sede de argumentação, virou outro copo, e percebeu que a sede era a mais pura sede de revolução. Então ele decidiu que um copo não seria só mais um copo. E que toda vez daqui por diante que este fosse virado seria símbolo de revolução. Foi sua revolução pessoal. Sua revolução por copos virados!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Percepção perturbadora

Percebi, demorei, mas percebi.
Parece que de tudo que estava em minha frente
Só restaram os vultos, e que todas as certezas
Eram baseadas nas vagas lembranças que guardei de um bom começo
Sonhos e planos arruinados pela verdade
Que me segue mostrando a verdadeira cara da realidade
Realidade essa que com certeza amarga minha boca e fere meu coração
Mas a mesma verdade que me incomoda me faz ver o monstro que há por traz
Da face de quem diz que me ama
Me chama,me clama,me engana...
Me pede e me ignora, me faz feliz e me destrói
Perceber foi fácil, o difícil foi acreditar
Mas acabou o tempo de me auto enganar

Ando só, sempre sozinho, e sempre em frente para um dia poder alcançar minha verdadeira meta.De não ser peregrino de uma terra em que fui parido, nem sempre foi assim não sei o que aconteceu, tudo mudou e para me adaptar eu não serei eu, esse não é eu, essa não minha terra, tento me fazer indiferente, tento mudar os ares, tento correr sem rumo, por não aceitar hipocrisia em todos os lados que olho, em não conseguir ver um sorriso verdadeiro, filhos brigando no enterro de seu pai para saber quem é o herdeiro, para mim isso não é o brasileiro, então eu sou o forasteiro.E ando só, sempre sozinho, até encontrar minha verdadeira terra, e enfim, deixar de ser solitário

terça-feira, 27 de abril de 2010

Sociocinética forçada

Recusam-se a aceitar minha diferença forçando-me a ser hipócrita
Cercam-me em uma liberdade que na verdade é presa
Faz isso e aquilo pra não morrer e só fica na mesma
Com o intuito de se adaptar vive cego no mundo
E as consequências disso é não ser oriundo
E sim, sentir a agonia, o desespero e a pressa sem fim.
E ainda por cima não se conhecer de verdade
Realidade que faz com que a minoria não sorria
Oferecem-te tudo, sonho ilusório. . .Palavra certa, utopia!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

OUTRA REALIDADE

É cumbuca, é poleiro, é barro opaco.
Não tem lâmpada, é candeia que lumeia
Só pão e água na ceia com areia vareia
No dia a dia no sufoco de mais um caboclo
E da cabocla que fica na labuta o dia inteiro
É o esforço do dia-a-dia que não é corriqueiro
Que passa a vida no zero
Mesmo com muito esmero
Esforço no trabalho, mas sem patrão.
Vive sossegado com o ar puro do sertão
Mais com o lucro que nem no tempo da escravidão
O que resta para o caboclo é apenas seus colhoes
Mas com sua família unida vive com muitas emoções
É cabra da peste que pra se defender tem um facão na mão
Com a faca ou os dente vive resistente
Sempre persistente e só quem vive nisso entende
Sem ambição trabalha pra sobreviver sem caos
Todos os dias ele se esforça para que não desista
Um dia bate em sua porta uma vida paulista
Com uma proposta de ganhar muito dinheiro
Em relação a quase nada que se tem em Juazeiro
Seria uma boa pra o caboclo com suas crianças
Em seus futuros poderia haver uma esperança
Pensou com sua cabocla e chagaram a conclusão que não iriam
Pois sua vida ele não larga ama sua terra.
Longe de sua terra eles não se viam
As dificuldades o sufocam, mas, nada ofuscava sua alegria.
Porque estão juntos e lutando contra o dia a dia

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Escrevo Azedo

Escrevo. Não pra você. Não pra mim. Faço isso para as baratas imundas e ratos escondidos nos esgotos sob nossos pés. Escrevo sobre qualquer coisa, a vida, a morte, a ferida, a sorte. Não espero que gostes, não! Não me sentirei contente com isso. Apenas cuspo as palavras engasgadas e faço isso sem saber se é bom ou ruim. Tudo que fica para trás e para cima está exatamente onde deveria estar. Não revejo nada, pouco importa a gramática ou a ortografia. Não escrevo pros engravatados ou letrados da Academia Brasileira. Escrevo pros filhos bastardos de uma terra falida, cuspida e chutada, que espera ansiosamente pelo seu próprio fim. Pra bactéria que come a carne já podre do animal morto. Eu sou esse animal.
Sentado em um quarto três por quatro, riscando um papel rasgado. A gordura dos cabelos se mistura com a dos dedos que agarram a caneta com força. Olho para o relógio, quebrado. Acendo a luz, queimada. Me apoio na janela que proporciona um pouco de luz, fraca, porém, luz. Risco os trechos legais, deixo os roubados, de um autor qualquer, da sarjeta, ou não. Todos fazem isso, só não tem coragem de admitir. Eu faço isso. Procuro alguma coisa pra beber, nada. O corredor que leva até o banheiro parece o corredor da morte, melhor se fosse. Não, só me leva até o quartinho com uma privada no canto e uma pia no meio. Abro a torneira e bebo um pouco de água. Está gostosa até. Volto ao quarto escuro. Me apoio na janela e nas idéias pra terminar um texto. Nada. Só cheguei até aqui.
Não espero editoras, não me importo com o mercado. Não espero que entenda. Não espero ser amado. Ouviu? Revolução por copos virados! ! !

Adoro

Eu odeio todo mundo!
Odeio quem diz que odeia os outros, odeio quem diz que não odeia. Odeio quem cancela seus compromissos por causa da chuva, odeio quem não gosta de suco de uva. Na verdade, uso a desculpa, pra dizer que odeio tudo. Odeio pseudo-intelectualidade, odeio quando acho que tenho certeza de algo. Odeio odiar tudo, odeio.
Saio xingando todo mundo em pensamento, dou um sorriso falso desvio o olhar e desejo o pior. Odeio escrever pra todo mundo, odeio escrever pra mim mesmo, odeio escrever. Odiaria não saber escrever. Odeio as cores, a luz, o escuro. Odeio tudo, odeio o mundo.
Odeio odiar tudo. Realmente odeio odiar o mundo.
O ódio que satisfaz a mente psicopata, também satisfaz a mais pura das beatas.
Escrevo e mato tudo. Com caneta, em papel sujo.